quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Quadrinhos não são prioridade

By Érico Borgo



De outro ponto de vista, pode acontecer de a Disney nem ligar para os quadrinhos da Marvel. Vale lembrar que o conglomerado nem tem uma divisão de quadrinhos – licencia seus personagens para editoras da Europa e dos EUA produzirem e publicarem os gibis. O mercado de quadrinhos, afinal, nunca vai dar muito dinheiro, pois não têm os milhões de olhinhos atentos aos filmes, à TV, ao entretenimento na Internet, etc.

Ao comprar a Marvel, é óbvio que a Disney está bem mais interessada no que pode fazer com os 5 mil personagens em termos de cinema, TV, games e outros licenciamentos. Da mesma forma, aliás, que a Warner não liga muito para o que a DC publica, desde que mantenham Batman e Superman em circulação para virar filmes, seriados, games e lancheiras.

Seu ingresso para assistir a Homem de Ferro nos cinemas ano passado – e o meio bilhão de dólares que o filme fez nas bilheterias internacionais – certamente contribuiu para a Disney ver a Marvel como uma aquisição rentável. São esses resultados que o conglomerado quer. E nada muito além disso.

Vale lembrar que a Marvel já teve outros donos. Em 1968, o fundador Martin Goodman vendeu-a para a Perfect Film and Chemical Corporation (depois renomeada Cadence Industries). Em 1986, a editora virou propriedade da New World Entertainment, produtora de filmes e seriados de TV. Em 1989, foi para a MacAndrews & Forbes, um fundo de investimentos que abriu o capital da Marvel na bolsa de valores, decisão que levou a brigas judiciais e à concordata da editora em meados da década de 90.

(Curiosamente, o presidente da MacAndrews & Forbes, Isaac Perelman, falou que comprara a Marvel porque ela era “uma Disney em miniatura em termos de propriedade intelectual”.)

Em cada uma dessas mudanças, os rumos editoriais da Marvel foi duramente afetado – não tanto em termos de qualidade, mas certamente em quantidade de quadrinhos publicados (para menos ou para mais). Da mesma forma, a boa receptividade dos filmes de Blade, X-Men e Homem-Aranha a partir do fim da década de 1990 impulsionou a divisão de quadrinhos.

Será que o negócio Disney/Marvel pode afetar a publicação dos gibis no Brasil? É uma possibilidade que parece distante, mas a Disney tem um contrato de quase 60 anos com a Editora Abril no Brasil e de mais de 70 anos com a italiana Mondadori, rival da Panini, cuja subsidiária publica os quadrinhos Marvel no Brasil. Se isso vai pesar ou não, ainda vai demorar para sabermos.



FONTE: OMELETE


continua...

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