Biblioteca FOLHA
GRAHAM
GREENE
Nosso Homem
em Havana
(1958)
GRAHAM
GREENE
Nosso Homem
em Havana
(1958)
2003
Troque-se Havana por Bagdá e Jim Wormold por Donald Rumsfeld, o secretário de Defesa e superfalcão do governo norte-americano, e Nosso Homem em Havana pareceria ter sido escrito ontem, e não há quase 50 anos.
Exagero? Nem remotamente. O delicioso texto de Graham Greene conta a história de um vendedor de aspiradores de pó recrutado como espião pelo serviço secreto britânico, desejoso de ter o seu homem em Havana. O período é o imediatamente anterior à Revolução Cubana que levou Fidel Castro ao poder, e Havana fervilhava de espiões.
O que pode haver de comum entre esse improvisado espião e o todo-poderoso secretário norte-americano de Defesa? Simples: um e outro inventaram a existência de armas de destruição em massa, com a diferença, no caso irrelevante, de que Wormold jamais usa essa expressão (não estava na moda há 50 anos). Rumsfeld o fez, pelo menos a julgar pelas informações disponíveis, para justificar a invasão do Iraque pelas forças norte-americanas. Warmold, por uma razão bem mais prosaica: ganhar dinheiro para pagar os gostos da jovem e linda filha.
O leitor terá, ao final do livro, a chance de decidir qual motivo é mais ou menos nobre. O que é certo é que as informações inventadas por Wormold causaram três ou quatro mortes apenas. Já no caso do Iraque...
Exagero? Nem remotamente. O delicioso texto de Graham Greene conta a história de um vendedor de aspiradores de pó recrutado como espião pelo serviço secreto britânico, desejoso de ter o seu homem em Havana. O período é o imediatamente anterior à Revolução Cubana que levou Fidel Castro ao poder, e Havana fervilhava de espiões.
O que pode haver de comum entre esse improvisado espião e o todo-poderoso secretário norte-americano de Defesa? Simples: um e outro inventaram a existência de armas de destruição em massa, com a diferença, no caso irrelevante, de que Wormold jamais usa essa expressão (não estava na moda há 50 anos). Rumsfeld o fez, pelo menos a julgar pelas informações disponíveis, para justificar a invasão do Iraque pelas forças norte-americanas. Warmold, por uma razão bem mais prosaica: ganhar dinheiro para pagar os gostos da jovem e linda filha.
O leitor terá, ao final do livro, a chance de decidir qual motivo é mais ou menos nobre. O que é certo é que as informações inventadas por Wormold causaram três ou quatro mortes apenas. Já no caso do Iraque...
CLÓVIS ROSSI
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha
(286 págs.)