domingo, 8 de dezembro de 2013

FÁBRICA DE CLÁSSICOS

Poucas editoras são tão reverenciadas quanto a Ebal. Por lá já passaram os heróis da DC, da Marvel e muitos outros que vivem na memória dos fãs

Por Antônio Luiz Ribeiro

Todo fã de gibis, que já passou dos 35 anos, fica com brilho nos olhos ao se deparar com um gibi da Editora Brasil-América Ltda, a saudosa Ebal. A empresa não foi apenas uma das mais importantes editoras em nosso país. Seu fundador, Adolfo Aizen, é considerado o pai das revistas em quadrinhos no Brasil. Em 18 de maio de 1945, inaugurou a Ebal com sede no bairro carioca de São Cristovão, em frente ao estádio do Vasco da Gama, o São Januário. Daquele prédio sairiam algumas das revistas mais cultuadas das últimas décadas.


Graças à Ebal, os leitores brasileiros conheceram as fases clássicas de Superman, Batman e Cia, em trabalhos de Jerry Siegel, Joe Shuster, Curt Swan, Bob Kane e tantos outros. Viram as renovações promovidas por Neal Adams e Dennis O'Neil. Foram testemunhas da chegada dos heróis da Marvel, com a fase produtiva de Stan Lee, Steve Ditko, Jack Kirby, Gene Colan... Tudo isso em publicações em formato americano com miolo PB. O primeiro lançamento da Ebal, O Herói, data de julho de 1947 e reunia personagens da norte-americana Fiction House, em histórias de aventura. Quatro meses depois, chegou às bancas Superman, a primeira revista inteiramente dedicada aos super-heróis da DC, na época chamada de National. Esses personagens não eram novidade para o leitor brasileiro que acompanhava revistas como O Lobinho, do Consórcio de Suplementos do próprio Aizen, antes de fundar a Ebal, Gibi e Globo Juvenil, ambos do grupo O Globo. Mas essas publicações traziam HQs da DC misturadas com as de outros licenciadores, como a King Features, a Centaur, a Street & Smith e a Timely. Quando a Ebal começou a publicar a DC, decidiu fazê-lo em um título específico.


Superman não era exatamente uma revista do Homem de Aço. Na verdade, em algumas edições ele nem aparecia na capa e dividia espaço com diversos heróis, como Joel Ciclone (Flash), Johnny Trovoada, Batman e Robin. O Falcão (Gavião Negro) e Trinca-Fantasma (Patrulha Fantasma). Mas, com a popularidade cada vez mais em alta, o herói kriptoniano logo acabou se tornando o titular - embora nas páginas internas ele fosse chamado de Super-Homem, no Brasil, o nome seria só mudado para Superman no final dos anos 1990.

Aproveitando a aceitação do título, a Ebal lançou, no final de 1949, o Almanaque de Superman, e os outros heróis com quem o Homem de Aço dividia a revista foram ficando de lado. A exceção foi Batman que, a partir de 1953, também se tornou exclusivo da Ebal, ganhando sua própria revista em março daquele ano. Graças às mudanças editoriais promovidas pela DC, essas revistas sobreviveriam a uma intensa campanha contra os quadrinhos que se arrastou pelos anos 50.

MUNDO DOS SUPER-HERÓIS #31 - Março de 2012 - Editora Europa.

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