AI DE MIM, ai de nós, bem-amada,
só quisemos apenas amor, amar-nos,
e entre tantas dores se dispôs
somente a nós dois ser malferidos.
Quisemos o tu e o eu para nós,
o tu do beijo, o eu do pão secreto,
e assim era tudo, eternamente simples,
até que o ódio entrou pela janela.
Odeiam os que não amaram nosso amor,
nem outro nenhum amor, desventurados
como as cadeiras de um salão perdido,
até que em cinza se enredaram
e o rosto ameaçante que tiveram
se apagou no crepúsculo apagado.
Pablo Neruda
Cem Sonetos de Amor
Tarde
só quisemos apenas amor, amar-nos,
e entre tantas dores se dispôs
somente a nós dois ser malferidos.
Quisemos o tu e o eu para nós,
o tu do beijo, o eu do pão secreto,
e assim era tudo, eternamente simples,
até que o ódio entrou pela janela.
Odeiam os que não amaram nosso amor,
nem outro nenhum amor, desventurados
como as cadeiras de um salão perdido,
até que em cinza se enredaram
e o rosto ameaçante que tiveram
se apagou no crepúsculo apagado.
Pablo Neruda
Cem Sonetos de Amor
Tarde
L&PM Pocket
julho de 2011
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