quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TALENTO BRASILEIRO AO QUADRADO

Os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, os autores da série 10 Pãezinhos e que agora estão começando suas carreiras no exterior, contaram à Wizard um pouco de sua trajetória no mercado

Por Sidney Gusman e Levi Trindade

Autobiographix
Dark Horse Comics
2003

Tirando os irmãos Caruso, que trabalham mais com desenho de humor, eles são possivelmente os únicos gêmeos quadrinhistas do planeta. Mas não é isto que faz de Fábio Moon e Gabriel Bá destaques do traço nacional. Fanzineiros, batalhadores e muito talentosos, eles estão entrando no mercado norte-americano por um caminho diferente do habitual: o das histórias autorais.

Recentemente, o álbum Ursula, lançado pela AiT/Planet Lar, recebeu elogios até da revista Variety. Antes disso, estiveram ao lado de Will Eisner e Frank Miller na edição Autobiographix, da Dark Horse.

10 Pãezinhos - Meu Coração, Não Sei Por Que
Editora: Via Lettera
junho de 2001

No Brasil, além de muitos zines, publicaram algumas HQs na Front, da Via Lettera, e dois álbuns da série 10 Pãezinhos - Meu coração, Não sei por que (que nos Estados Unidos foi batizado como Ursula) e O Girassol e a Lua, pela mesma editora. Além disso, lançaram as revistas independentes Feliz aniversário, meu amigo e Rock'N' Roll. E mais: fizeram uma HQ para esta Wizard, na qual "brincam" no mundo dos super-heróis.

Nesta entrevista, Bá e Moon contam que só talento não basta para conseguir o que se almeja. Perseverança é fundamental. Especialmente nos quadrinhos.

Wizard: O que vocês liam na infância, quando decidiram ser quadrinhistas?

Moon: Nós crescemos numa época ótima para os quadrinhos. Eles tinham destaque nas bancas, não ficavam escondidos e se encontrava de super-heróis a Chiclete com Banana.

Nós líamos quase tudo. Muito super-herói e bastante HQ nacional. E a Editora Abril estava começando com as graphic novels que publicavam tanto super-heróis como quadrinhos europeus.

Bá: Naquele tempo, não tínhamos muito senso crítico. Por isso, gostávamos de tudo. Ficávamos admirados tanto com as baixarias do Laerte e do Angeli quanto com o Homem-Aranha do Todd McFarlane.

Vocês são da geração que fez curso de quadrinhos. Há alguma vantagem nisso?

Bá: Não é um curso que vai formar um quadrinhista, é a vontade que a pessoa tem de fazer aquilo. Fizemos um de um mês com o Luiz Gê, loucos pra desenhar super-heróis. Aí, nós pegávamos folhas de papel sulfite dobradas ao meio, colávamos umas bolinhas de contact preto e tínhamos que contar a história da bolinha através das páginas.

Fizemos outro curso de três anos no Estúdio Pinheiros com o Tak (Domingos Takeshita). Não tinha programa, nem ensinava ninguém a desenhar. Os alunos ficavam lá duas tardes por semana lendo revistas, desenhando e discutindo ideias, pensando as histórias e como fazê-las de formas diferentes.

Mas em cursos se conhece mais gente que gosta da mesma coisa que você, e é possível fazer contatos que te ajudarão. Caso contrário, é provável que fique em casa sozinho, desenhando em cima da prancheta, no frio e no escuro da noite, enquanto as outras pessoas estão namorando, jogando futebol ou dormindo.

A profissão de quadrinhista é muito solitária, e devemos aproveitar todas as chances de compartilhar nossa paixão com outras pessoas.

Moon: O importante nas aulas de quadrinhos é ensinar o aluno a pensar sobre a página que ele vai desenhar e a história que vai contar.

continua...

WIZARD BRASIL # 12 - Setembro de 2004 - Panini Comics.

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