quarta-feira, 16 de outubro de 2013

WATCHMEN

(DC Comics, 1986-1987)

Watchmen 3-A
Comic Book by DC
Nov 1986
"The Judge of All the Earth"

O trabalho seminal de Moore - considerada a melhor história de super-heróis de todos os tempos - deu prosseguimento à desconstrução do gênero, empreendida pelo roteirista por meio de uma trama que redefiniu os quadrinhos para toda uma geração de leitores e mostrou como uma sociedade corrompe alguns de seus heróis e endeusa outros.

Usando os personagens da década de 60 da Charlton Comics - Capitão Átomo, Questão, Mestre Judoka, Pacificador, Sombra da Noite e Besouro Azul - como inspiração, Moore construiu uma obra na qual heróis decadentes caçam um de seus ex-companheiros, responsável por arquitetar um plano para dominar o mundo.

A ideia veio quando Dave (Gibbons) e eu estávamos trabalhando juntos em alguma coisa. Nós brincamos com a hipótese de histórias envolvendo os Desafiadores do Desconhecido e o Caçador de Marte. Então, tivemos a ideia de usar os personagens da Charlton.

Nossa sinopse original era de uma trama mais sinistra e ousada. Foi quando a DC começou a ficar com medo de explorar o universo da Charlton. Logo percebi que podíamos fazer algo ainda melhor se criássemos nossas próprias versões daqueles personagens.

Creio que em Watchmen nós expressamos, de alguma forma, o clima intelectual e moral da década de 80. Embora tratasse especificamente daquela época, com o terror da Guerra Fria nos ameaçando e uma certa neurose permeando nossas vidas, acho que também tratava de questões humanas mais amplas e menos específicas de poder e responsabilidade. Provavelmente é isso que faz com que hoje, 17 ou 18 anos depois, a obra continue sendo vendida.

Foi nas páginas de abertura da terceira edição, em que vemos o gibi de piratas e o jornaleiro falando sobre uma guerra iminente, que me dei conta de que estávamos desbravando novas técnicas narrativas. Para mim, isso é a coisa mais importante de Watchmen. Não a trama, nem a redefinição dos super-heróis, mas a maneira com que passamos a abordar os quadrinhos.

De repente, percebemos que os limites do gênero, pelo menos até onde os compreendíamos, podiam ser forçados mais além. Contudo, estou um pouco cansado de falar sobre Watchmen. É uma grande obra, tenho muito orgulho dela, mas foi feita há quase 18 anos. E, para mim, o trabalho que me interessa é sempre o que estou escrevendo no momento.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.


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