COLEÇÃO FOLHA
GRANDES ESCRITORES BRASILEIROS
12
CECÍLIA MEIRELES
Romanceiro da Inconfidência
(1953)
GRANDES ESCRITORES BRASILEIROS
12
CECÍLIA MEIRELES
Romanceiro da Inconfidência
(1953)
2008
Titular dos direitos de edição: NOVA FRONTEIRA S.A.
Tiradentes é mais do que um personagem histórico. É sobretudo um mito nacional, em parte construído para servir à causa republicana. Trazê-lo para o centro de uma obra poética, como faz Cecília Meireles, é empreitada de alto risco: heróis pedem grandiloquência. O Romanceiro da Inconfidência, no entanto, passa ao largo da armadilha. O propósito cívico da obra é temperado pela abordagem intimista em que a poeta é mestre.
Cecília Meireles encontrou na tradição popular dos breves poemas narrativos a forma mais adequada para enfrentar a Inconfidência Mineira. Por serem orais, aqueles “romances” (daí “romanceiro” para o conjunto) privilegiavam a fluidez, a empatia, a comunicação imediata.
Sua obra-prima tem tudo isso - e tem música também. Não apenas ritmo, mas harmonia. Quando, ao descrever a chegada de um traidor em sua montaria, ela diz “o cavalo bebe,/ na água, as nuvens do horizonte”, é como se mudasse o tom de maior para menor, anunciando a tragédia vindoura.
Cecília Meireles não cede à tentação de reconstituir a história. Se é fiel ao factual e às vozes dos personagens, não abre mão da liberdade de artista. É a invenção poética, ela diz, que “anima essas verdades de uma força emocional que não apenas comunica fatos, mas obriga o leitor a participar intensamente deles”. O herói ganha, assim, dimensão humana: “A estrela do seu destino/ leva o desenho estropiado:/ metade com grande brilho,/ a outra, de brilho nublado;/ quanto mais fica um sombrio,/ mais se ilumina o outro lado.”
Cecília Meireles encontrou na tradição popular dos breves poemas narrativos a forma mais adequada para enfrentar a Inconfidência Mineira. Por serem orais, aqueles “romances” (daí “romanceiro” para o conjunto) privilegiavam a fluidez, a empatia, a comunicação imediata.
Sua obra-prima tem tudo isso - e tem música também. Não apenas ritmo, mas harmonia. Quando, ao descrever a chegada de um traidor em sua montaria, ela diz “o cavalo bebe,/ na água, as nuvens do horizonte”, é como se mudasse o tom de maior para menor, anunciando a tragédia vindoura.
Cecília Meireles não cede à tentação de reconstituir a história. Se é fiel ao factual e às vozes dos personagens, não abre mão da liberdade de artista. É a invenção poética, ela diz, que “anima essas verdades de uma força emocional que não apenas comunica fatos, mas obriga o leitor a participar intensamente deles”. O herói ganha, assim, dimensão humana: “A estrela do seu destino/ leva o desenho estropiado:/ metade com grande brilho,/ a outra, de brilho nublado;/ quanto mais fica um sombrio,/ mais se ilumina o outro lado.”
OSCAR PILAGALLO
Colaborador da Folha
(244 págs.)
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