Epic Illustrated 7-A
Comic Book by Epic
Aug 1981
Considerado uma fera dos quadrinhos, o controverso Jim Shooter foi o manda-chuva durante o mais tumultuado e (revolucionário) período da história da Marvel
Por Mike Cotton
Entrincheirado atrás de uma larga mesa em sua sala, no prédio da Marvel, em Nova York, a altas horas de uma noite de sexta-feira de 1986, o então editor-chefe Jim Shooter se perguntava: "O que mais posso fazer para transformar a 'Casa das Ideias' na mais poderosa entidade da indústria de quadrinhos?" Ocupando o cargo na maior parte dos anos 80, ele revolucionou o mercado ao contratar os principais talentos, ao dar sinal verde para que a companhia realizasse crossovers com outras editoras, ao lançar o selo Epic e, o mais importante de tudo, ao ajudar a salvar a empresa do que muitos consideravam a falência certa.
Mas Shooter não transformou a Marvel numa omelete de milhões de dólares sem quebrar alguns valiosos ovos. Ele manteve discussões acaloradas com os criadores a respeito das histórias, com os colegas sobre o método de edição que praticava e teve contínuas batalhas com a diretoria da empresa sobre pagamento de royalties.
Embora alguns acham que a visão de Shooter de converter a Marvel na segunda Disney fosse insustentável, ele jamais desistiu da ideia - seu sonho não era apenas aumentar as vendas, mas oferecer quadrinhos mais bem escritos e desenhados.
Ele ainda era o mesmo líder destemido que havia escrito um memorando interno dois anos antes com o seguinte teor: "Comecem a fazer bons gibis. Sei que essa diretriz reflete um rompimento substancial com a política anterior da empresa, mas, por favor, procurem obedecê-la."
Shooter não tinha tempo para perder tentando ser educado com os funcionários. Sua missão era pensar em novas maneiras de melhorar a Marvel e mantê-la à frente de sua rival, a DC Comics.
"A paixão e o comprometimento são dois elementos de uma personalidade e, quanto maior a personalidade, mais intensas são as faíscas liberadas", diz Chris Claremont, que alterou o final de sua história clássica A Saga da Fênix Negra, na revista Uncanny X-Men, a pedido de Shooter.
"As pessoas podem dizer qualquer coisa a respeito de Jim, mas não se pode esquecer que quando era editor-chefe as vendas cresceram exponencialmente e foram produzidos alguns dos melhores trabalhos dos últimos 40 anos. Ele forçava as pessoas a darem o melhor de si."
Na verdade, Shooter não poderia ter agido muito diferente. Em seus cinco anos à frente da editora, concordou em produzir o crossover da Liga da Justiça e dos Vingadores, se comunicou com os fãs de uma maneira que ninguém fazia desde que Stan Lee ocupou a cadeira de editor-chefe, e forjou algumas das mais revolucionárias histórias da Marvel, incluindo a fase de Frank Miller no Demolidor, a passagem de John Byrne pelo título dos heróis mutantes e pelo Quarteto Fantástico e a clássica fase do Thor de Walt Simonson.
Ele conseguiu fazer praticamente tudo o que pretendia com a Marvel - e isso, mais tarde, acabou lhe custando o emprego.
Wizard Brasil - Ano 2 - Número 15 - Dezembro de 2004
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