quarta-feira, 13 de novembro de 2013

SUPERMAN - O MAIOR DE TODOS

Action Comics 1 (DC Comics)
June 1938

Há leitores que desdenham do Superman, mas é sempre bom lembrar que o gênero de super-heróis só existe porque ele foi criado. Confira nesta matéria a evolução do Homem de Aço nos quadrinhos

Por Fabio Alexandre Rocha Marques

A história do Superman, o primeiro e maior super-herói do mundo, começou bem antes de 1938, quando surgiu nas páginas de Action Comics 1. Fruto da imaginação de dois adolescentes judeus de Cleveland, o escritor Jerry Siegel e o artista Joe Shuster, ele foi criado em 1933 e teve um processo de desenvolvimento complicado e demorado.


Ainda o colegial, os autores publicaram um fanzine de contos de ficção científica chamado Science Fiction que era mimeografado e distribuído para os leitores pelo correio. No terceiro número, em janeiro de 1933, Siegel escreveu o conto The Reign of the Super-Man, sob o pseudônimo de Herbert S. Fine, ilustrado por Shuster. A história futurista lembrava 1984, de George Orwell, e era sobre um vilão careca com poderes mentais sobre-humanos que dominava uma cidade.

Inspirado até certo ponto pelos textos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, Siegel era fascinado pelo conceito de um ser com habilidades fantásticas. Ao final do mesmo ano, com a ajuda de seu amigo Shuster, o roteirista transpôs o personagem para a mídia que estava tomando os corações e mentes dos jovens norte-americanos: as histórias em quadrinhos.

Para isso, desenvolveram uma nova versão. O vilão careca foi abolido, pois Siegel e Shuster sabiam que não teria apelo suficiente. Então, bolaram uma HQ completa com um herói de cabelos negros e força sobre-humana: The Superman. Empolgados, levaram a criação para um editor, que recusou o trabalho na hora! Segundo ele, apesar do óbvio talento de ambos, o personagem era fantástico demais para ter sucesso.

Revoltado, Shuster destruiu toda a revista. Sobrou apenas a capa. Mesmo assim, ele e seu parceiro acreditavam que o personagem eventualmente poderia vingar. Dessa forma, partiram para uma outra reformulação e uma nova mídia: as tiras de jornais.

A versão final do Superman surgiu numa noite de 1934, quando Siegel, febril, acordou no meio da madrugada com novas ideias tão fantásticas e que surgiam em sua mente tão rapidamente, que ele não conseguia voltar para a cama. Então, ele escreveu material suficiente para várias semanas em tiras de jornais e as levou para Joe Shuster, que no mesmo dia as desenhou. 24 horas depois estava tudo pronto. Faltava "apenas" convencer alguém a publicar.

Clark Gable

Agora, o Superman era um ser de outro planeta. Siegel foi um dos primeiros a criar um alienígena benevolente. Outra característica distinta dessa nova versão foi o uso de uma identidade secreta. Tímidos, porém criativos, os autores eram o estereótipo do fã de ficção científica: imaginavam que mesmo atrás de uma aparência pacata, poderiam ter habilidades e poderes maravilhosos. Por isso criaram Clark Kent, um tranquilo repórter de jornal cujo nome homenageava dois astros de Hollywood, Clark Gable e Kent Taylor.
 
Kent Taylor

Ao desenhar um personagem tão espetacular, Shuster imaginou que as roupas usadas por acrobatas circenses, coladas ao corpo e com uma sunga sobre as calças, seriam futuristas e definiriam bem o corpo super desenvolvido. Dessa forma, com a intenção de fazer o herói "pular" para fora das páginas dos jornais, o desenhista usou as cores primárias da impressão colorida (vermelho, azul, preto e amarelo) e acrescentou uma capa para expressar movimento e velocidade.

Nos meses e anos seguintes à sua criação, o Superman foi apresentado a praticamente todos os editores de jornais e syndicates dos Estados Unidos, e foi sempre recusado. Apesar disso, Shuster e Siegel conseguiram empregos para criar histórias em quadrinhos para uma editora de revistas, a National Comics (atual DC Comics).

Certo dia, em 1938, as tiras do Superman estavam sobre a mesa de Sheldon Mayer, editor do McClure Syndicate, empresa que distribuía tiras para vários jornais norte-americanos, que estava tentando convencer seu chefe Max Charles Gaines a publicar a criação de Shuster e Siegel em algum periódico. Então, Jack Liebowitz, dono da National telefonou para Gaines em busca de novos personagens para uma nova revista chamada Action Comics.

M.C. Gaines enviou as páginas do Superman para Vin Sullivan, editor da National, que achou o personagem diferente e resolveu lhe dar uma chance. As tiras totalizaram 13 páginas e foram publicadas na edição de estreia da Action Comics.

O sucesso foi estrondoso. Os 200 mil exemplares de tiragem se esgotaram nas bancas e milhares de cartas de leitores chegaram aos escritórios da National. Os distribuidores ficaram sedentos por novas revistas. Rapidamente, os editores perceberam que tinham algo grande nas mãos e pagaram a mísera quantia de 130 dólares pela primeira história e pelos direitos do Superman. Siegel e Shuster aceitaram em troca de um contrato de trabalho e exclusividade por dez anos.

Whiz Comics 2 (Fawcett Comics)
fevereiro de 1940

Após sete edições, a revista que deveria trazer HQs de ação com vários personagens passou a ser só do Superman. Logo, todas as editoras de quadrinhos dos EUA miraram no novo gênero. Nos anos seguintes, dezenas de seres superpoderosos pintaram nas bancas. A Fawcett Comics bolou o Capitão Marvel em 1940; e a própria National, para ampliar os negócios, encomendou ao artista Bob Kane um outro herói. E surgiu o Batman, com a ajuda do escritor Bill Finger.

O Superman ainda não era o personagem de hoje. Ele não voava, apenas dava saltos enormes sobre os prédios de Metrópolis, baseada na cidade do clássico filme mudo de Fritz Lang. Também não era um campeão do politicamente correto - em muitas das primeiras histórias, tratava os vilões de forma irresponsável e perigosa. Vários terminavam machucados e praticamente aleijados! Para Siegel e Shuster, era uma punição justa pelos crimes cometidos.

Apesar do herói nunca ter matado ninguém nessa época, a editora decidiu que ele deveria ter uma conduta mais condizente com seus poderes incríveis. Para tal, escalou Whitney Ellsworth como editor do personagem. Siegel e Shuster foram proibidos de produzir histórias em que o Superman fizesse uso excessivo de sua força.

O herói ainda não tinha visões de raios-X ou de calor. Esses poderes só surgiram com a série de rádio que ganhou em 1940, na Mutual Network. Dos coadjuvantes conhecidos atualmente, apenas Lois Lane apareceu desde a primeira Action Comics. Ela e Clark trabalhavam no jornal metropolitano Daily Star para o editor George Taylor.

Jimmy Olsen, Perry Whyte e o Planeta Diário também seriam criados nos episódios de dez minutos da série radiofônica. Até a kryptonita, fragmento do planeta Krypton que explodiu, utilizando de forma ostensiva na atual série Smallville, foi apenas um artifício usado pelos escritores do rádio para dar uma semana de folga ao ator Bud Collyer, que fazia a voz do Superman. Assim, após ser afetado pelo minério alienígena, o herói ficou sete dias sofrendo e gemendo para os ouvintes - tudo feito por outra pessoa, enquanto o astro principal curtia seu merecido descanso.

continua...

WIZARD BRASIL # 31 - Abril de 2006 - Panini Comics.

2 comentários:

  1. Oi Cristiano Neves,

    Obrigado por reproduzir minha matéria sobre o Super-Homem da revista Wizard Brasil #31. Poderia colocar um link para meu site? http://www.super-homem.com/

    Abraços,

    Fabio Marques.
    super-homem.com

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    1. Boa noite, Fabio.

      Eu que agradeço pela sua matéria nessa revista e pode deixar que colocarei o link na próxima matéria.

      Abraço

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