segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Shakespeare

SHAKESPEARE |


Biografia enigmática


POR RICARDO LÍSIAS

Mesmo o sucesso não fez com que Shakespeare deixasse muitos rastros de sua vida. Se somarmos isso ao fato de que, do mesmo jeito, ele não se preocupava com suas peças, teremos armado o terreno para as sempre proficuas conspirações: até poucos anos estava na moda a listagem de evidências, sempre assombrosamente patéticas, que procuravam comprovar que o cidadão William Shakespeare nunca existiu ou que, se alguém tiver de fato vivido na Inglaterra com esse nome, seria apenas o autor de uma coleção de belos sonetos. Entre os nomes mais cotados para serem William Shakespeare estavam os de Marlowe e, com alguma vantagem, o do filósofo Francis Bacon. Por dois motivos, hoje nenhuma dessas teorias é levada a sério: primeiro, são poucos, mas há documentos que de fato comprovam a autoria das peças; por fim, argumento ligado ao anterior, os críticos notam uma enormidade de similitudes entre os textos, o que coloca em primeiro plano o grupo de peças que simplesmente se enfeixam no conjunto produzido por uma pessoa.


Shakespeare morre em 1616 já coberto de glória. A essa altura, conhecido em toda a Europa, ninguém contestava seu lugar como o dramaturgo mais importante do momento. O sucesso de suas peças, porém, vinha exclusivamente do palco, já que uma edição impressa saiu apenas anos depois de sua morte. A razão é simples: Shakespeare acreditava em um teatro para ser representado. Suas peças, embora não tenham sido concebidas para serem lidas, se tornaram um dos pontos altos da literatura universal, o que é outro sinal do seu gênio.

De fato, em vida Shakespeare publicou apenas uma coleção de sonetos. Rigorosamente construídos, seus poemas refletem os ideais clássicos, criando variações sutis com temas como o amor e a passagem do tempo. Seus sonetos acompanham a melhor produção do período, o que demonstra que, mesmo não tendo frequentado os centros de erudição da época, Shakespeare educou-se com o que havia de mais importante.


O dramturgo escreveu ao longo da vida, 39 peças, uma produção invejável. Se considerarmos que entre elas estão ao menos dez obras-primas, não resta nenhuma dúvida de que William Shakespeare é mesmo (e no mínimo) o maior dramaturgo de todos os tempos.



Cadernos Entre Livros - Número 1
págs. 16-17

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