Biblioteca FOLHA
HENRY MILLER
Trópico de Câncer
(1934)
HENRY MILLER
Trópico de Câncer
(1934)
2003
Não é apenas um livro que você tem nas mãos. Aliás, muito cuidado ao abri-lo. Quando um texto é resultado de mergulhos tão profundos no poço da verdade, o resultado pode, no mínimo, não cheirar bem. Esta... "bomba de efeito moral"... foi lançada na França, em meados dos anos 30, e permaneceria longo tempo censurada nos Estados Unidos, dado seu alto poder de destruição.
Adotada por tudo o que se diz moderno desde então, suas revelações só começariam a ser digeridas no Novo Mundo quando o sonho americano deu sinais de pesadelo e os filhos e filhas da bomba atômica abriram os olhos, deixaram crescer os cabelos e suspenderam as saias. Trata-se das anotações minuciosas de um homem que abandonou as convenções de sua época em nome daquilo que nem todos os gregos conseguiram, embora recomendassem veementemente: o conhecimento de si mesmo. Atravessando o mar tormentoso desse desafio, seu herói, anormal como qualquer um de nós, se defronta com o que há de mais nobre e medíocre na experiência humana, fazendo um dos elogios mais revolucionários da autonomia pessoal que a literatura universal pode suportar.
Aqui se encontra música: a cadência de frases vitaminadas e a força das imagens poéticas. Aqui se discute sem vergonha o preço da felicidade e do caos. Sexo, loucura, arte, vício, fome... Você tem nas mãos um livro nojento, grandioso, estimulante, infernal. Você tem nas mãos o Livro da Vida! Diante de uma experiência como essa, só o arrebatamento. Isto posto, abra-o... concentre-se, ajoelhe-se e faça-se merecedor de tanta sabedoria.
Adotada por tudo o que se diz moderno desde então, suas revelações só começariam a ser digeridas no Novo Mundo quando o sonho americano deu sinais de pesadelo e os filhos e filhas da bomba atômica abriram os olhos, deixaram crescer os cabelos e suspenderam as saias. Trata-se das anotações minuciosas de um homem que abandonou as convenções de sua época em nome daquilo que nem todos os gregos conseguiram, embora recomendassem veementemente: o conhecimento de si mesmo. Atravessando o mar tormentoso desse desafio, seu herói, anormal como qualquer um de nós, se defronta com o que há de mais nobre e medíocre na experiência humana, fazendo um dos elogios mais revolucionários da autonomia pessoal que a literatura universal pode suportar.
Aqui se encontra música: a cadência de frases vitaminadas e a força das imagens poéticas. Aqui se discute sem vergonha o preço da felicidade e do caos. Sexo, loucura, arte, vício, fome... Você tem nas mãos um livro nojento, grandioso, estimulante, infernal. Você tem nas mãos o Livro da Vida! Diante de uma experiência como essa, só o arrebatamento. Isto posto, abra-o... concentre-se, ajoelhe-se e faça-se merecedor de tanta sabedoria.
FERNANDO BONASSI
Colunista da Folha
Colunista da Folha
(286 págs.)
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