quinta-feira, 9 de julho de 2009

Biblioteca FOLHA

ERNEST HEMINGWAY

O Velho e o Mar

(1952)


2003

Poucos escritores tiveram uma influência tão marcante na literatura inglesa do século 20 quanto Ernest Hemingway. Hemingway detestava tudo aquilo que era ornamentado. Sua narrativa, ao contrário, é direta e muscular. As frases são curtas, os diálogos secos. Como os neo-realistas fizeram no cinema, Hemingway extirpou da prosa literária tudo que não considerava essencial.
O Velho e o Mar narra a história de Santiago, um pescador cubano que, um pouco como o escritor que lhe deu vida, parece estar em fim de linha. Dia após dia, Santiago sai com seu barco e volta de mãos vazias. Desesperado, decide se aventurar mais longe, nas águas da corrente do Golfo. É quando um enorme marlim morde a sua isca.
Começa então uma extraordinária batalha entre o homem e o animal. Que o melhor e o mais corajoso vença, pensa o velho marinheiro. O animal reboca o barco de Santiago, tamanha sua força. Quando o marlim finalmente cede, surgem tubarões.
Luta pela sobrevivência, confronto com os limites humanos: O Velho e o Mar é, antes de mais nada, um conto moral. Os temas caros a Hemingway, as questões da honra e do embate entre o homem e a natureza, ganham aqui uma outra dimensão, mais fabular. Como em O Tesouro da Sierra Madre de John Huston - o cineasta que lhe foi talvez mais próximo na escolha temática -, os heróis de Hemingway aprenderão que a glória e a fortuna são passageiras.
Escrito de um só jato, em um único capítulo, O Velho e o Mar é o último romance feito em vida por Hemingway. O escritor (que ganhou o Prêmio Nobel em 1954) se suicidou em 1961. Deixou um legado que pode ainda ser sentido hoje na literatura norte-americana. Uma frase de Santiago volta à memória: "Um homem pode ser destruído, mas não derrotado".


WALTER SALLES
Colunista da Folha

(95 págs.)

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