É sempre vertigiosa a leitura dos romances de Dostoiévski. Um crítico dizia que em sua ficção havia algo tanto do romance policial como também do romance de aventura. Esse crítico, um dos mais argutos que já passou pelo Brasil, chamava-se Otto Maria Carpeaux. A definição que ele fazia para Os irmãos Karamázov vale perfeitamente bem para este também clássico Crime e castigo: "Se todos os romances do russo parecem romances policiais, são de um investigador das almas que nos revela, além dos crimes perpetrados, os crimes virtuais que dormem em nós outros como possibilidades. E enquanto se trata de romances de aventuras, são as aventuras espirituais, das quais a última seria a própria redenção do gênero humano".
"Investigador das almas" e "aventuras espirituais": duas expressões que dizem muito sobre o universo ficcional que o escritor russo criou com grande genialidade nos meados do século XIX. Poucos autores foram tão fundo nessa investigação e conseguiram retirar do poço da alma humana tantas desventuras como o fez Dostoiévski. É de se lamentar, por exemplo, o destino do protagonista de Crime e castigo, esse Raskólnikov, um pobre diabo perambulando pelas ruas decadentes de São Petersburgo, com "o povo se comprimindo entre os andaimes, montes de cal, tijolos espalhados pelos cantos e, dominando tudo, o mau cheiro característico, tão familiar aos habitantes de São Petersburgo, que não dispõem de meio para veranear".
Dostoiévski conhecia bem a cidade - como também a alma cindida do homem moderno. Ele tinha todas as ruas esquadrinhadas em sua mente, conhecia cada beco, cada travessa, cada ponte sobre o Niéva desde a adolescência. Depois de ter passado a infância entre Moscou e a casa da família na região rural de Darovóie, o menino - impulsionado pelo pai, o doutor Mikhail Andrévich Dostoiévski - seguiu com seu irmão mais velho, Mikhail, para São Petersburgo, onde viveria grande parte de sua vida adulta.
"Investigador das almas" e "aventuras espirituais": duas expressões que dizem muito sobre o universo ficcional que o escritor russo criou com grande genialidade nos meados do século XIX. Poucos autores foram tão fundo nessa investigação e conseguiram retirar do poço da alma humana tantas desventuras como o fez Dostoiévski. É de se lamentar, por exemplo, o destino do protagonista de Crime e castigo, esse Raskólnikov, um pobre diabo perambulando pelas ruas decadentes de São Petersburgo, com "o povo se comprimindo entre os andaimes, montes de cal, tijolos espalhados pelos cantos e, dominando tudo, o mau cheiro característico, tão familiar aos habitantes de São Petersburgo, que não dispõem de meio para veranear".
Dostoiévski conhecia bem a cidade - como também a alma cindida do homem moderno. Ele tinha todas as ruas esquadrinhadas em sua mente, conhecia cada beco, cada travessa, cada ponte sobre o Niéva desde a adolescência. Depois de ter passado a infância entre Moscou e a casa da família na região rural de Darovóie, o menino - impulsionado pelo pai, o doutor Mikhail Andrévich Dostoiévski - seguiu com seu irmão mais velho, Mikhail, para São Petersburgo, onde viveria grande parte de sua vida adulta.
Fonte:
Crime e Castigo - Volume I
Fiódor Dostoiévski
págs. 377 e 378
Clássicos Abril Coleções
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