Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühn,
Kennst du es wohl? – Dahin, dahin!
Möcht ich… ziehn. (2)
Goethe.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que eu não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
Fonte da imagem: Té la mà Maria - Reus
(1)
Este poema, escrito em Coimbra em julho de 1843, tornou-se não apenas um sinônimo de Gonçalves Dias – não há antologia escolar que não o tenha escolhido –, mas um ponto de referência dentro da tradição literária brasileira. Se professores e declamadores conseguiram banalizá-lo pela insistência na repetição gratuita, coube a outros poetas reinventarem “a canção do exílio” a partir das sugestões de Gonçalves Dias. Para conferir esta afirmação, basta examinar: Casimiro de Abreu (“Canção do Exílio”), Sousândrade (“Harpa XLV”), Carlos Drummond de Andrade (“Europa, França e Bahia” e “Nova Canção do Exílio”), Oswald de Andrade (“Canto de Regresso à Pátria”), Cassiano Ricardo (“Ainda Irei a Portugal”), Murilo Mendes (“Canção do Exílio”), Gilberto Gil e Torquato Neto (“Marginália II”) e muitos outros.
(2)
Esta epígrafe constitui um trecho da balada “Mignon”, de Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), o mais célebre dos poetas alemães e um dos maiores nomes do Romantismo europeu. Gonçalves Dias frequentemente usa epígrafes de autores estrangeiros em seus poemas, sinal de sua erudição. Neste caso, a epígrafe foi assim traduzida por Manuel Bandeira: “Conheces o país onde florescem as laranjeiras? Ardem na escura fronde os frutos de ouro... Conhecê-lo? – Para lá quisera eu ir!”
Fonte:
Literatura Comentada
Nova Cultural
1988
Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico por:
Beth Brait
Págs. 26-27
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