quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A LIGA EXTRAORDINÁRIA

(DC/WildStorm, 1999 até o presente)

The League of Extraordinary Gentlemen (1999) 3-A
Comic Book by America's Best Comics
Jun 1999

O maior sucesso da linha ABC, a Liga reúne alguns dos personagens literários favoritos de Moore, entre eles o aventureiro Allan Quatermain, Mina Harker, de Drácula, de Bram Stoker, Dr. Jekyl e Mr. Hyde, o Homem Invisível e o Capitão Nemo, numa super equipe que protegia Londres muito antes dos heróis fantasiados aparecerem.

Depois de enfrentar o arqui inimigo de Sherlock Holmes, o professor James Moriarty, decidido a destruir Londres, e um impiedoso chefão oriental do crime no estilo Fu Manchu, a Liga teve uma sequencia em que enfrenta marcianos, numa homenagem à Guerra dos Mundos, de H.G. Wells.

A Liga era uma ideia antiga que estava na minha cabeça desde meados dos anos 90. A intenção de combinar personagens da literatura numa só história acabou se tornando muito divertida em vários aspectos.

Tomei como base as equipes de super-heróis, que, na minha opinião, não funcionam na maior parte das vezes. Mas imaginei o que poderia fazer se retrocedesse no tempo, para o final da era vitoriana. Comecei a pensar como faria para reunir um grupo de personagens daquela época e quem seriam eles.

Allan Quatermain foi uma das primeiras escolhas, pois sempre me atraiu por ser um personagem imperfeito, no sentido de que não é particularmente corajoso, nem mesmo no livro original de H. Rider Haggard, As Minas do Rei Salomão. Como ele quase certamente é a fonte de inspiração para todos os heróis de aventuras que vieram depois, como Indiana Jones ou Lara Croft, tornou-se uma escolha natural.

O Capitão Nemo, como o primeiro herói e vilão tecnológico, era outro que deveria ser incluído. O Dr. Jekyll, Mr. Hyde e o Homem Invisível eram quase autoexplicativos. Ou seja, eram tão fascinantes visualmente que teria sido um crime deixá-los de fora.

Fiquei um tanto perplexo quando tentei encontrar uma mulher para a equipe, pois precisava de alguém para criar uma certa química. Mas os vitorianos tinham uma opinião bastante desfavorável em relação ao sexo feminino. Por isso, não existiram grandes heroínas na ficção daquele período.

Originalmente, pensei em Irene Adler, a única mulher que Sherlock Holmes amou. Mas ela era muito obscura. A menos que você seja fissurado em Arthur Conan Doyle, nunca terá ouvido falar nela. Mina Harker, em contrapartida, tinha sido retratada em Drácula como sendo um novo tipo de mulher, embora fosse, na maior parte do tempo, uma vítima.

Pensei muito a respeito e decidi que, depois dos eventos do livro de Bram Stoker, ela poderia ter sofrido uma completa mudança em sua personalidade. Achei que, se "adiantássemos a fita" alguns meses, encontraríamos uma personagem bem diferente.

Contudo, foi extremamente divertido fazer a Liga, e é o único título da linha ABC que pretendo continuar.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

DO INFERNO

(Tundra/Kitchen Sink Press, 1991-1998)

From Hell 1-A
Comic Book by Kitchen Sink
Mar 1991

Uma obsessiva reconstrução dos assassinatos de Jack, o Estripador, Do Inferno mergulha os leitores no doentio submundo de Londres e mostra o ponto de vista de Moore a respeito de quem realmente cometeu aqueles crimes.

Baseada numa pesquisa detalhada, a história acompanha os detetives da Scotland Yard no esforço para apanhar o responsável pelos cinco assassinatos que abalaram a Inglaterra no século XIX.

Embora possa parecer que Jack, o Estripador, sempre me interessou, a verdade é que até 1995 eu não me importava muito com ele. Nesse ano, comecei a procurar um assassino que servisse de base a uma história em quadrinhos.

Depois de rejeitar outros casos e de inicialmente por de lado a história de Jack, o Estripador, porque era um muito manjada, comecei a ler algumas das coisas que foram publicadas no centenário dos crimes, em 1988, e me decidi por ele.

A história exigia bastante. Meu conhecimento sobre assassinos seriais é meramente amador. Mas era a quantidade de informação que eu precisava para escrever uma História em Quadrinhos complexa sobre crimes na era vitoriana.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.

sábado, 19 de outubro de 2013

A PIADA MORTAL

(DC Comics, 1988)

Batman: The Killing Joke 1-A
Comic Book by DC
Jan 1988

Uma das histórias mais violentas e horripilantes do Batman já escritas, A Piada Mortal ajudou a redefinir o mais conhecido dos inimigos do Morcego - o Coringa - como um louco sádico, e levou o herói à beira da insanidade, numa trama que deixou Batgirl aleijada e mudou o bat-universo para sempre.

Depois de balear, molestar e fotografar Barbara Gordon, o Coringa rapta o comissário de polícia Jim Gordon e tenta provar que qualquer pessoa pode ser levada à loucura, dada às devidas circunstâncias.

Enquanto o vilão leva Gordon aos limites da insanidade, forçando-o a assistir à tortura de sua filha, Batman é obrigado a decidir se mata o Coringa ou deixa a loucura continuar.

Eu queria fazer algo com Brian Bolland, e a DC sugeriu uma história do Batman. Brian estava mais interessado no Coringa, e respondi: "Legal, vou bolar uma história que o ponha em destaque". Então pesquisei tudo o que havia sobre o personagem, sua biografia e, sem contradizer a cronologia estabelecida, tentei enriquecê-la. Procurei explorar a ideia de que, se ele era o Capuz Vermelho antes de se tornar o Coringa, o que fazia antes de decidir entrar no mundo do crime?

Embora a arte de Brian obviamente seja de uma beleza espetacular, não gosto muito da história. Acho que A Piada Mortal, quanto ao roteiro, é um trabalho mediano. Comparado com outras aventuras do Batman, provavelmente é uma das melhores, mas não é uma das minhas preferidas, porque, no final das contas, não tem muito a dizer, e é muito explícita e gratuita. Tudo girava em torno da ideia de que Batman e Coringa compartilhavam uma psicose similar, que só é interessante para quem é fã de quadrinhos.

Perguntei à DC se havia algum problema em aleijar Barbara Gordon - que era a Batgirl na época - e, se não me engano, falei com Len Wein, que era o editor responsável pelo projeto, que respondeu: "Aguarde um instante no telefone, que vou perguntar para (o ex-editor-chefe) Dick Giordano". Depois de um breve momento, ele disse: "Tudo bem, pode aleijar a vadia". Esse certamente, era um dos pontos em que eles podiam ter exercido algum controle sobre meu trabalho, mas não o fizeram.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O ADEUS

(DC Comics, 1986)

Superman (1939) 423-A
Comic Book by DC
Sep 1986
"Whatever Happened to the Man of Tomorrow?"


Considerada uma das melhores histórias do Superman já escritas, O Adeus (Superman 423 e Action Comics 583, recentemente lançada no Brasil pela Opera Graphica, num álbum de luxo, mas que foi publicada pela primeira vez pela Abril, em Super Powers 21, com o título O que aconteceu com o Homem de Aço?) fechou as cortinas da era pré-Crise para o Homem de Aço.

Action Comics (1938) 583-A
Comic Book by DC
Sep 1986
"Whatever Happened to the Man of Tomorrow? Part Two"


Numa carta de amor tocante endereçada a seu personagem favorito da infância, Moore zelosamente amarrou todas as pontas soltas de quase 50 anos de histórias do Superman. Concentrando-se nos maiores combates do herói com seus principais inimigos - tais como Lex Luthor, Brainiac e Bizarro - a história encerrou brilhantemente a Era de Prata do Superman e preparou o terreno para a Era Moderna do personagem.

Quando (o ex-editor de Superman) Julie (Schwartz) me perguntou se eu gostaria de escrever aquelas duas últimas histórias do Super, ele queria especificamente uma narrativa que amarrasse todas as pontas soltas (da Era de Prata) do herói: tipo, quem ele amou mais, Lois ou Lana? E quanto à lista de supervilões e demais personagens, o que aconteceu com eles?

Sei que Julie gostou da história e que, num arroubo de insanidade, disse que era a melhor aventura do Super que havia publicado. Muito provavelmente, não foi. Quem eu queria agradar mesmo, era o próprio Superman, que era meu personagem favorito na infância. Até onde me diz respeito, essa foi a sua última aventura, e procurei fazer uma despedida que ele teria gostado bastante.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.

O Senhor dos Anéis, visto de cima

Saturno visto de cima, em mosaico de imagens da sonda Cassini

17/10/13 - 10:51 

Por Salvador Nogueira 

Você já imaginou como Saturno seria sem seus portentosos anéis? Agora não precisa mais. No último dia 10, a sonda Cassini, da Nasa, tirou uma foto espetacular, como se estivesse vendo Saturno de cima. No mosaico acima, composto por 12 imagens capturadas com filtros verde, vermelho e azul (a fim de produzir a imagem colorida com cores aproximadas das que veríamos), a espaçonave da Nasa conseguiu obter um ângulo impossível da Terra, que permite ver o planeta completamente separado dos anéis. Daqui, eles sempre se sobrepõem àquele mundo gasoso. 

As operações da Cassini continuam normalizadas, apesar do apagão da agência espacial americana, que durou até hoje e acaba de se resolver, pelo menos temporariamente. Isso quer dizer que as fotos continuam sendo obtidas pelas sondas, mas não estão sendo processadas e divulgadas. 

Fonte: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

WATCHMEN

(DC Comics, 1986-1987)

Watchmen 3-A
Comic Book by DC
Nov 1986
"The Judge of All the Earth"

O trabalho seminal de Moore - considerada a melhor história de super-heróis de todos os tempos - deu prosseguimento à desconstrução do gênero, empreendida pelo roteirista por meio de uma trama que redefiniu os quadrinhos para toda uma geração de leitores e mostrou como uma sociedade corrompe alguns de seus heróis e endeusa outros.

Usando os personagens da década de 60 da Charlton Comics - Capitão Átomo, Questão, Mestre Judoka, Pacificador, Sombra da Noite e Besouro Azul - como inspiração, Moore construiu uma obra na qual heróis decadentes caçam um de seus ex-companheiros, responsável por arquitetar um plano para dominar o mundo.

A ideia veio quando Dave (Gibbons) e eu estávamos trabalhando juntos em alguma coisa. Nós brincamos com a hipótese de histórias envolvendo os Desafiadores do Desconhecido e o Caçador de Marte. Então, tivemos a ideia de usar os personagens da Charlton.

Nossa sinopse original era de uma trama mais sinistra e ousada. Foi quando a DC começou a ficar com medo de explorar o universo da Charlton. Logo percebi que podíamos fazer algo ainda melhor se criássemos nossas próprias versões daqueles personagens.

Creio que em Watchmen nós expressamos, de alguma forma, o clima intelectual e moral da década de 80. Embora tratasse especificamente daquela época, com o terror da Guerra Fria nos ameaçando e uma certa neurose permeando nossas vidas, acho que também tratava de questões humanas mais amplas e menos específicas de poder e responsabilidade. Provavelmente é isso que faz com que hoje, 17 ou 18 anos depois, a obra continue sendo vendida.

Foi nas páginas de abertura da terceira edição, em que vemos o gibi de piratas e o jornaleiro falando sobre uma guerra iminente, que me dei conta de que estávamos desbravando novas técnicas narrativas. Para mim, isso é a coisa mais importante de Watchmen. Não a trama, nem a redefinição dos super-heróis, mas a maneira com que passamos a abordar os quadrinhos.

De repente, percebemos que os limites do gênero, pelo menos até onde os compreendíamos, podiam ser forçados mais além. Contudo, estou um pouco cansado de falar sobre Watchmen. É uma grande obra, tenho muito orgulho dela, mas foi feita há quase 18 anos. E, para mim, o trabalho que me interessa é sempre o que estou escrevendo no momento.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

O MONSTRO DO PÂNTANO

(DC Comics, 1984-1987)

 
The Saga of the Swamp Thing 21-A 
Comic Book by DC 
Feb 1984 
"The Anatomy Lesson"

Moore assumiu o Monstro do Pântano, da DC Comics, a partir da história Lição de Anatomia, publicada na edição 21 (publicada no Brasil em Novos Titãs 4 a 7, da Abril, Monstro do Pântano, Vol. 1 da Brainstore), e revelou aos fãs que a criatura não era o ex-cientista Alec Holland, mas um deus vegetal que pensava ser Holland.

Com histórias que tratavam de temas como meio ambiente, proliferação nuclear e ocultismo, a revista surgiu como um dos quadrinhos mais aterrorizantes e estimulante dos anos 80, abrindo caminho para a linha Vertigo. As tramas, eletrizantes e assustadoras de Moore se tornaram tão sofisticadas, que a DC colocou na capa da revista o rótulo "Para Leitores Adultos", uma decisão que desagradou o autor e o levou a abandonar o título tempos depois.

A DC não tinha nada a perder. Eu assumi O Monstro do Pântano da mesma forma que Frank Miller tinha assumido o Demolidor. Devem ter dito: "Mesmo se pisar na bola, qual o problema? O título já está à beira do cancelamento. Ele não vai conseguir piorar".

Nem sempre O Monstro do Pântano era cheio de tensão. Havia algumas edições bastante divertidas e até românticas. Não era totalmente sinistro. Foi a história da classificação etária que me fez brigar com a DC. Só estava tentando fazer o melhor gibi possível, e não pensei que precisava de permissão para isso.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Última chamada

Preparando-se para a aposentadoria, o gênio dos quadrinhos Alan Moore reflete a respeito de seus maiores sucessos, da desconstrução dos super-heróis em Watchmen aos motivos por que não gosta de A Piada Mortal

Por Mike Cotton

Quando se olha no espelho, Alan Moore, agora com 50 anos (em julho de 2002), vê as imperfeições da idade: as linhas no rosto onde antes havia pele lisa, os cabelos grisalhos e a extensa barba, que, convenhamos, poderia ser aparada.

Mas o que os seus fãs veem é a perfeição - ou o mais próximo disso que um roteirista de quadrinhos já chegou nos últimos 20 anos. Eles veem um inovador, uma lenda, um gênio. "Essa palavra está desgastada", diz Moore. "Sou um bom roteirista de quadrinhos e um escritor razoável, mas não sei direito o que significa ser um 'gênio', e particularmente não faço muita questão de ser um. Com certeza, não é como me enxergo. Se os outros preferem me rotular assim, é problema deles; e isso me deixa lisonjeado. Mas não posso dizer que seja algo que eu pensei muito a respeito", esclarece.

Para comemorar - com o perdão da palavra, senhor Moore - a genialidade de um dos maiores roteiristas dos quadrinhos, a Wizard o convenceu a dar uma espiada no espelho retrovisor e analisar sua própria carreira. Eis o resultado - Alan Moore por ele mesmo, falando sobre suas maiores obras.

MARVELMAN
(Warrior Magazine, 1982-1984)

Depois de décadas esquecido, Marvelman (rebatizado de Miracleman nas reedições americanas) foi revigorado por Moore, que o transformou num herói envelhecido, que não lembrava mais a palavra mágica que transformava seu alter-ego Mike Moran no poderoso super-herói. Ao lançar um olhar peculiar sobre um dos poucos super-heróis britânicos, Alan Moore se preocupou em criar histórias adultas.

Quando era garoto, pensei em fazer uma paródia de Marvelman no estilo Mad. A piada central seria que ele esqueceu a palavra mágica e não consegue lembrar qual é. Mas deixei essa ideia de lado.

No começo dos anos 80, já bastante crescido, resolvi criar uma versão mais realista de Marvelman que, na minha cabeça, tinha nascido como uma simples sátira e se transformou em algo que poderia ser bastante pungente.

Para falar a verdade, ele nem era tão bom assim. Não passava de uma versão britânica do Capitão Marvel (Shazam), e sua única importância foi o fato de ter sido um dos pouquíssimos super-heróis ingleses. Essa foi a primeira vez que percebi o potencial dessa nova abordagem do universo dos super-heróis, que eu aplicaria com mais profundidade em trabalhos como Watchmen.

Fonte: Wizard Brasil 5 - Fevereiro de 2004.




Surfista Prateado

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Action Comics (1938) 400-A

Comic Book by DC
May 1971

"My Son... is he Man or Beast"

Superman is given a ward who hates him. No matter what Superman does or says, the problem only grows worse as the boy adapts the powers of camoflauge and disguise.

Herança trágica

Personagens: Super-Homem, Gregor Nagy.
Argumento: Leo Dorfman - ‘Geoff Brown’
Desenho: Curt Swan
Arte-Final: Murphy Anderson
Cores: Carmen Tzanno
Letrista: José Luiz Torres Pinto

No Brasil: Super-Homem (1ª Série) n° 8 - Publicado em: fevereiro de 1985 - Editora: Abril.

Superman (1939) 240-A

Comic Book by DC
Jul 1971

"The Fabulous World of Krypton: The Man Who Cheated Time"

O homem que dominou o tempo

Arco: O Fabuloso Mundo de Krypton
Personagens: Zol-Mar, Mal-Va, Thrax-Ol.
História: Cary Bates
Arte: Mike Kaluta.

No Brasil: Super-Homem (1ª Série) n° 5 - Publicado em: novembro de 1984 - Editora: Abril.

"To Save a Superman"

Houve uma vez um herói

Personagens: Super-Homem, I Ching.
Argumento: Denny O' Neil
Arte: Dick Giordano, Curt Swan
Cores: Rita de Carvalho
Letrista: José Luiz Torres Pinto.

No Brasil: Super-Homem (1ª Série) n° 8 - Publicado em: fevereiro de 1985 - Editora: Abril.

X-MEN 141

Publicado em: julho de 2000